terça-feira, 26 de dezembro de 2017

RODA GIGANTE


Antonio Carlos Egypto




RODA GIGANTE (Wonder Wheel).  Estados Unidos, 2017.  Direção e roteiro: Woody Allen.  Com Jim Belushi, Kate Winslet, Juno Temple, Justin Timberlake.  101 min.



Nos filmes de Woody Allen, já sabemos que, além de encontrar humor inteligente, encontraremos personagens psicologicamente consistentes e situações que escapam ao controle deles.  A vida é assim.  E, dependendo das circunstâncias concretas de existência dos personagens, erros e omissões podem ser fatais ou custar muito caro aos envolvidos.

Em “Roda Gigante”, situada em Coney Island, New York, anos 1950, temos as praias e um grande parque de diversões.  Por lá, dentro do parque, envolvido por luzes de neón, vive um casal: Humpty (Jim Belushi) e Ginny (Kate Winslet).  São empregados ali, numa vida pra lá de modesta, restringida pelo barulho e movimentação do parque de diversões.  Humpty se encanta com a pesca e, quando se casou, acreditava que sua mulher também gostava de pescar.  Mas não é o caso.  Ginny mal se aguenta num cotidiano pesaroso de afazeres domésticos.  Ele tem uma filha, Carolina (Juno Temple), que não vê há anos, casada com um gângster.  Quando as coisas apertam, ela volta pra casa, trazendo perigo à vida deles.




Quem narra essas histórias é um outro personagem, que acaba entrando na vida das duas mulheres, Mickey (Justin Timberlake), o sarado salva-vidas da praia.  Junte-se a isso um moleque que gosta de botar fogo em tudo e temos aí os ingredientes de uma comédia, que trata de gente simples que, como todo mundo, está em busca do amor e da felicidade possíveis.

A trama de Woody Allen vai nos mostrando as características e sutilezas desses personagens, que vão revelando a complexidade que têm, sob aparência rude, modesta ou de beleza oca.  Woody Allen usa sua experiência de psicanalisado por muitos anos, não só para conhecer-se melhor, mas também para aplicar nos personagens que cria, a partir do que observa no mundo.   O que faz com que seus personagens estejam muito próximos de nós, por mais distantes que suas vidas possam ser das nossas.  São gente de verdade, que existe, pode ser encontrada em toda parte.  Esse é um dos grandes diferenciais do diretor.


As situações engraçadas, a trilha sonora sempre de impecável bom gosto e a estupenda fotografia de Vittorio Storaro, aliadas a um elenco afiado, fazem de “Roda Gigante” um belo programa cinematográfico, para fechar o ano de 2017.



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