quinta-feira, 7 de setembro de 2017

FÉRIAS DE CINEMA


Antonio Carlos Egypto


Tirei um mês de férias para viajar.  Estive em várias cidades da Itália e Portugal.  Foi um período em que não entrei no cinema, não vi nenhum filme, nem na TV, nem mesmo no avião.  Mas a paixão pelo cinema não ficou para trás, ao contrário, esteve presente na viagem, com frequência. 

Para começar por Roma, que eu só tinha visitado uma vez há trinta anos, que só de ver aquelas motos tipo lambreta por todo o lado me fizeram lembrar de muitos filmes italianos, em especial, “Meu Caro Diário”, do Nani Moretti. 




A Fontana di Trevi,  imortalizada por “A Doce Vida” de Fellini, que eu revi agora, estava tão cheia de gente que não restou clima possível para interagir com aquela beleza toda.  Mas, enfim, ela continua lá, clicada milhares de vezes a cada segundo.

Melhor foi o passeio à Cinecittà,  muito menos concorrido e cheio de alusões a objetos e filmes fellinianos, com uma ótima exposição histórica do cinema italiano e mundial, seus ícones e filmes representativos, e uma caminhada entre grandes espaços cenográficos, como os que buscaram retratar a Roma antiga, do seriado homônimo.







Em Bolonha, vi uma exposição de fotos e filmes da cidade, no passado e no presente, realizada pela Cinemateca de lá, muito atuante, mas em período de férias, sem programação naquele momento.  Ainda assim, pude conversar com duas funcionárias de lá e apreciar o amplo e antigo prédio em que está hospedada a Cineteca Bologna.

Estando em Bolonha, não poderia deixar de ir conhecer Rímini, a cidade natal do mestre Fellini, à beira-mar.  Lá, naturalmente, tem o parque Fellini, a rua Giuliettta Masina e a tumba onde estão enterrados ambos e o filho que tiveram, que teve só um mês de vida. Um belo monumento que pode ser visto no cemitério de Rímini e foi inspirado em “E La Nave Va”.  Valeu muito a visita à cidade, mesmo com a casa-museu de Fellini fechada, para reformulações e ampliações.




Em Milão, numa visita ao teatro La Scala, encontrei referências e postais do trabalho de Luchino Visconti na ópera e o legado do cineasta sendo lembrado e valorizado.

Em Turim, surpreende pela grandiosidade o Museu Nacional do Cinema, situado no centro histórico da cidade, na Mole Antonelliana, construção que remonta a 1863 e foi  reconstruída em 1961, para celebrar o centenário da unificação italiana, ganhou uma cúspide e um elevador panorâmico, que alcança o ponto mais alto da cidade, creio, de onde se podem tirar fotos que exibem o conjunto urbano de Turim.  Em vários andares, se visita a história do cinema, desde os seus primórdios até os diversos movimentos e gêneros cinematográficos, nesse edifício para lá de imponente.  Foi uma bela surpresa.




Em Lisboa, fui à procura de DVDs de cinema português, em especial, de filmes de Manoel de Oliveira não lançados por aqui.  Agora espero superar a barreira do código de zona europeu, para poder vê-los ou revê-los.


Como perceberam, quando me afasto do cinema é que ele chega ainda mais perto.  Mas estava mesmo na hora de voltar a frequentar a tela grande e refletir sobre as imagens que ela nos traz, deixando para trás o tórrido verão europeu.


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